Com seu livro "Causos Macaubenses" Dalmar Lula nos encanta com a humanidade das figuras que povoaram sua cidade natal. E a humanidade dos causos" ressurge agora multiplicada no livro "A Face Genética do Espírito, fruto de um momento de inspiração que o instigou ao trabalho intelectual, à pesquisa minuciosa, à elaboração do que agora entrega à nossa apreciação. Costumo procurar não fazer todas as coisas de uma mesma maneira, e assim comecei a ler o livro pelas referências bibliográficas. Impressionante a qualidade e a quantidade das citações, pois ali não aparecem livros de fácil leitura, mas obras que exigem concentração e reflexão. Retornei ao princípio. E o relato de uma experiência atípica explica a motivação para a obra e nos motiva a continuar lendo. Uma viagem que transcendeu tempo e espaço, e que tão profundamente o tocou. Digo profundamente porque conheço Dalmar Lula desde 2005, e nunca percebi nele a tendência de lidar com o que não fosse de absoluta lógica. Raciocínio, nunca devaneio... Claro, sempre houve o pendor artístico consolidado na música, mas também isso sempre foi muito racional, ao menos para este modesto observador. Todo livro é uma amostra da personalidade do autor. E este livro nos mostra um cérebro objetivo em luta contra as limitações do pensamento cartesiano. A abertura ao inusitado e a coragem de se expor revelam uma mente inquieta, que se recusa a confessar que alguma coisa possa não ser inteligível. E que procura trazer essa inquietação a quem se disponha a segui-lo. Não se trata de concordar ou discordar, de abordar argumentos provenientes da psicologia, da metafísica ou das religiões, mas de ousar investigar, supor, criar novas dúvidas e buscar novas perguntas. Óbvio, a tarefa de acompanhá-lo não é das mais simples, pois exige tempo e atenção. A síntese, que torna possível a conexão entre autor e leitor, não permite o costumeiro "copiar e colar. Imagino que o trabalho de gestar "A Face Genética do Espírito" tenha sido imenso, mas a tarefa de acompanhar a leitura tem o condão de nos encantar e nos projetar em dimensões e pensamentos também inovadores. Parabéns, Dalmar, pelo caminho percorrido e pelo resultado que agora nos apresenta. E vamos de Karl Marx a Saint Exupery para dizer que tudo o que é sólido desmancha no ar, mas que o essencial, sempre, será invisível aos olhos! Marcos Trindade Luz.